Qualco
“Devia ser proibido abrir qualquer empresa sem formação de gestão”
Mário Castro já trabalhava em Higiene e Segurança do Trabalho antes de lançar a Qualco por ser uma área de baixo risco e com quota de mercado assegurada, visto decorrer de uma obrigação legal. Com 800 clientes em carteira, vê passar por si tantos empresários mal-preparados que não pode deixar de dar o alerta sobre os requisitos que deviam ser obrigatórios antes de avançar por conta própria.
Mário Castro trabalhou em Higiene e Segurança no Trabalho (HST), por conta de outrem, durante três anos antes de abrir, em 2014, a Qualco. A ALPE surgiu na sua vida apenas como ponto de informação para conseguir um eventual apoio, mas acabou por não avançar devido à “burocracia” excessiva. Já tinha trabalhado por conta própria antes noutra área, por 10 anos, mas a Qualco serviu para sedimentar este gosto por um estilo de vida que não troca. “É a minha forma de estar, a minha postura, gosto de ser eu a gerir o meu tempo, não estar condicionado, todos nós temos uma vocação”, afirma. A experiência de vida e as formações que foi tirando permitiram “ultrapassar as dificuldades iniciais” e desde então tem sido “sempre em crescendo”. Com uma carteira de 800 clientes e 8 funcionários, o empreendedor desfruta hoje das vantagens de ter um negócio próprio, das quais destaca principalmente a “gestão de horário e as regalias económicas”.
“A HST é uma preocupação do mundo global e é uma boa oportunidade porque é uma obrigatoriedade legal, é um risco que não é assim tão grande porque os empresários têm de contratar os serviços, seja a quem for, e isso faz com que tenhamos automaticamente uma quota de venda efetuada”, explica, sobre a escolha da área de negócio. A empresa, com sede em S. João de Ver, “tremeu” um pouco com o rebentar da pandemia, “ainda para mais com a recente aquisição de novas instalações”, mas nem isso provocou mossa. “Tivemos muito medo na altura da pandemia, mas não parámos e ultrapassámos devido ao nosso bom nome na praça, até aumentámos o leque de clientes”, afirma Mário Castro.
O empreendedor, vendo a realidade do tecido empresarial à sua volta e as pessoas com quem contacta, mostra-se muito preocupado. “Devia ser proibido abrir qualquer empresa sem formação de gestão, por muito básica que seja. As pessoas precisam de ter conhecimento das obrigações legais, ter experiência no terreno, porque apanhamos novas empresas que não têm qualquer noção de gestão, de encargos fixos, é um dos grandes problemas da sociedade, toda a gente abre empresas e não sabe que tem de pagar impostos, e daí até ao insucesso é um tirinho”, aponta. Mário Castro confessa que tem dificuldade em aceitar clientes com empresas que ainda não cumpriram 3 anos de vida porque os pedidos de anulação de contrato nessas circunstâncias são incontáveis. “Os dois primeiros anos de qualquer atividade comercial são muito dolorosos e as pessoas não estão preparadas, pensam que as coisas caem do céu. 90% das pessoas não têm suporte monetário para aguentar estes primeiros anos. Deviam ter formação com algum rigor e não avançar apenas baseadas na vontade. Alguns, se tivessem a informação certa, ponderavam duas vezes, porque depois endividam-se e isso afeta outras pessoas que acabam por levar por tabela”, alerta.
Os conselhos que deixa são, por isso, no sentido de os empreendedores “procurarem informação, ouvirem mais do que uma opinião, para perceberem onde se estão a meter, porque depois a vida deles anda para trás durante muito tempo, com encargos e insolvências. A maior parte das pessoas não tem consciência, não sabe o que é a HST, o que é um IRC, os encargos com a Segurança Social e o IVA. Uma sessão de esclarecimento pode ser meio caminho andado para minorar essas situações e para as firmas prosperarem e prestarem um serviço de maior qualidade”, comenta.