ZiaFlor
“O facto de sermos muito bons em determinada coisa, não significa que vamos ser bons a vendê-la”
Luzia Peixoto trabalha no ramo floral há mais de duas décadas. Começou por abrir negócio próprio, nos anos 90, mal tirou o curso, mas a falta de experiência e o timing que vivia no foro pessoal não ajudaram ao sucesso do negócio. Os anos de experiência a trabalhar como florista numa loja em Escapães firmaram o seu nome enquanto criativa e quando o proprietário ficou doente, Luzia assumiu as rédeas e hoje é a orgulhosa proprietária da Zia Flor.
“São 25 anos a trabalhar como florista”, começa por dizer Luzia Peixoto, sobre uma área que sempre a atraiu. Tirou o curso em 1994, porque gosta de trabalhar com as mãos e as “flores são a grande paixão. Sempre gostei muito de flores, sou muito criativa, gosto de artes e se pudesse fazia um curso atrás do outro”, confessa. O ímpeto de se lançar na área fez com que abrisse, mal concluiu a formação, loja própria. “Cometi um erro primário: abri logo negócio. Considero um duplo erro porque, primeiro, como florista, tinha pouca prática, e depois, como gestora de negócio, nenhuma prática. Mantive a loja dois anos, mas não consegui levar o negócio adiante. Além disso, não foi a melhor altura, tinha acabado de comprar casa e de ter a minha filha, eram muitas solicitações ao mesmo tempo. Fechei a loja e vim trabalhar para aqui”, conta.
Aqui é a loja em Escapães onde trabalhou ao serviço do ex-patrão, que virou grande amigo, até este ficar gravemente doente e ter de entregar a loja. “Ele não queria ver o negócio em mãos estranhas. Eu trabalhei lado a lado com ele durante 11 anos, desenvolvemos uma amizade forte, então decidi ficar com a loja para mim”, revela. 2014 foi assim o ano de se voltar a aventurar como proprietária de negócio próprio, mas desta vez teve bastante ajuda. “A segunda experiência foi completamente diferente. Recebi uma ajuda extraordinária da ALPE, aprendi muito com eles, orientaram-me, ensinaram-me. Ainda me lembro do dia em que a Dra. Adélia me pediu para precificar um ramo. Eu era a criativa da casa, apenas me tinha de preocupar se as coisas ficavam dentro do orçamento, não era a pessoa das contas”, diz, frisando: “O facto de sermos muito bons em determinada coisa, não significa que vamos ser bons a vendê-la”.
Esta foi uma das grandes lições que aprendeu nestes anos enquanto gestora, obrigada a adaptar-se a uma dimensão mais reduzida a nível financeiro na produção das encomendas, por causa de constrangimentos nas contas que herdou, mas confiante no nome que tinha estabelecido na zona. “A minha mente teve de se adaptar à nova realidade, mas como sempre aceitei os clientes pequenos, foram esses clientes que continuaram a vir. Entreguei-me tanto a esta loja que ela, na verdade, já era minha. Foi fácil aceitar a proposta do proprietário, não houve grande diferença para os clientes”, afirma. Conseguiu, assumindo o negócio, “dar largas à imaginação” e uma “nova cara” à loja, mais em consonância com o seu gosto pessoal, e guarda com orgulho as congratulações do inspetor que a foi visitar pouco tempo depois de assumir o espaço. “Deu-me os parabéns porque tinha um grande negócio”, conta. Como conselhos para futuros empreendedores, é perentória: “Vão estudar, sou a favor da formação. Tirei uma dúzia de formações ao longo dos anos, porque não há milagres. Há talentos natos, mas não é suficiente quando se tem de juntar uma habilidade (produzir) à outra (vender)”, refere.