Jorge Duarte
“Quem vem para o empreendedorismo, tem de pensar que o dinheiro ao fim do mês não é certo, é preciso trabalhar todos os dias, e bem”
Jorge Duarte já tem experiência nas várias vertentes: trabalhador por conta de outrem, trabalhador independente e, agora, empresário. Desde 2001 a trabalhar no ramo automóvel, exercendo funções de coordenador e de perito, aproveitou a experiência acumulada para se lançar por conta própria na área. Nos primeiros meses, o negócio custou a arrancar, mas quando surgiram os convites, as solicitações excederam as expectativas.
A escolha pelo ramo baseou-se sobretudo na “grande paixão pelos automóveis”, mas, confessa Jorge Duarte, foi mais “uma oportunidade que surgiu do que uma escolha”. Começou por trabalhar numa concessão da Fiat, em Lisboa, mal concluiu a formação e, em 2001, mudou-se para a Siniauto, naquela que foi uma colaboração, intermitente, de vários anos. No seu percurso na reparação e avaliação, passou pelos vários modelos, foi trabalhador por conta de outrem, trabalhador independente e chegou a tentar lançar um projeto próprio junto do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). A vida não quis que fosse o momento certo, então ganhou mais experiência e a última paragem foi a Decra, de onde saiu em 2021.
No ano passado, decidiu resgatar a ideia de ter um negócio próprio e averiguou junto do IEFP os procedimentos. Assim, entra a ALPE no seu caminho, para ajudar no processo burocrático. “A primeira vez que tentei apresentar projeto, as coisas eram mais fáceis, para quem não estivesse muito por dentro destes procedimentos. Hoje em dia, já não é assim, questionei e fui-me apercebendo que a exigência para a elaboração de um projeto era maior e precisava da ajuda de alguém que dominasse”, conta. Abriu a empresa de peritagem de seguros em julho de 2022, em S. João de Ver, em nome próprio, confiante neste novo timing. “Já tinha muita experiência (20 anos), quer como coordenador, quer como perito, numa área que dominava, então decidi abrir a empresa”, diz.
Os primeiros tempos foram “mais parados”, mas depois “surgiu tudo ao mesmo tempo”, vários convites em simultâneo, um deles para “trabalhar quase em exclusivo. Neste momento, o meu trabalho é de perito e auditor e grande parte é trabalho remoto, à secretária”, afirma. Sobre os grandes desafios de um empresário, diz que é principalmente “estabelecer um bom relacionamento interpessoal com os clientes (seguradoras, oficinas, proprietários das viaturas), saber estar e ir sempre ao encontro de quem paga e que quer pagar o menos possível com as reparações”. Além disso, “resiliência. Há muitos peritos no mercado que vão entrando e saindo, não se vão adaptando, temos de ser resilientes, irmo-nos adaptando às alterações de mercado, evoluindo. Apresentar um trabalho de qualidade não é fácil, manter os clientes, tentar encontrar novos nichos de mercado, quer na peritagem, quer na auditoria, sermos reconhecidos como alguém que trabalha bem”, frisa. Já como vantagens, destaca: “Estamos diretamente ligados aos clientes, não há intermediários”.
Os conselhos para futuros empreendedores são alertas: “Quem tem uma empresa, não é um mar de rosas, há sempre dificuldades. Quem trabalha por conta de outrem, tem sempre o dinheiro certo; quem trabalha por conta própria, começa com zero euros na conta e tem de ganhar dinheiro para despesas e rendimento. Quem vem para o empreendedorismo, tem de pensar assim, o dinheiro ao fim do mês não é certo e tem de trabalhar todos os dias, e bem, com qualidade, para que os clientes gostem”.